O campeonato começa neste fim-de-semana com uma dúvida existencial: Hulk, o melhor jogador da temporada anterior e o primeiro brasileiro projectado pelo campeonato português a chegar à selecção, vai ou não permanecer no FC Porto e, em caso de transferência, qual será o efeito na equipa e na competição?
Duas forças antagónicas debatem-se violentamente nos bastidores do clube campeão: de um lado, o pragmatismo em busca de um negócio inédito por números nunca vistos e do outro o romantismo pela continuidade de um jogador fundamental aos êxitos desportivos.
Todos sabem que o FC Porto de 2013, sem Hulk, depois de já ter perdido Falcão há um ano, será muito limitado ofensivamente. Terá soluções com jogadores promissores à procura de afirmação europeia, mas faltar-lhe-á a classe e a capacidade individual de resolução de problemas que, claramente, distinguiu Hulk, em particular nas últimas duas temporadas.
Em concreto, ele construiu ou finalizou mais de metade dos golos que o FC Porto apontou contra os outros três candidatos ao título nestas duas temporadas sob o comando de André Vilas-Boas e Vítor Pereira.
E esta é a questão que consome em lume brando as expectativas dos portistas para a nova temporada, pela sensação, quase certeza, de ser impossível substituir um jogador com esta capacidade. Como na temporada anterior já se manifestou irrealizável o plano de fazer esquecer um goleador como Falcão, sucedendo-se a cada seis meses uma contratação esperançosa: primeiro Kléber, depois Janko, agora Martinez.
No entanto, a análise aos resultados do FC Porto nestes quatro anos revela que a proporção de derrotas é exactamente igual, com Hulk ou sem Hulk: uma derrota a cada sete partidas, tratando-se mais de um problema de resposta colectiva do que de uma dependência gritante do valioso internacional brasileiro.
LONDRES NADA ACRESCENTOU
Ao contrário do projectado, a eleição como um dos três seniores da selecção do Brasil nos Jogos de Londres não projectou Hulk para os valores pretendidos pelo FC Porto.
FC PORTO SEM HULK: APENAS 5 DERROTAS
Em quatro anos no FC Porto, Hulk falhou 36 jogos, em todas as competições, mas tal como aconteceu na semana passada frente à Académica a equipa não acusou muito essas ausências. Sem Hulk em campo registaram-se apenas cinco derrotas dos portistas, três delas na Taça da Liga e as outras no campeonato – e por duas vezes frente ao Sporting. Apenas cinco derrotas e seis empates em 36 faltas, uma proporção exactamente igual à dos resultados com Hulk em campo. Nas quatro épocas, actuou em 167 jogos oficiais, com 23 derrotas do FC Porto, uma a cada sete partidas.
SEMPRE DISPONÍVEL PARA A EUROPA
Sempre com a ambição de uma carreira ao mais alto nível, Hulk apresenta como cartão de visita dos seus quatro anos no FC Porto a disponibilidade quase total para alinhar nas competições europeias, tendo falhado apenas um de 43 jogos possíveis. Por causa do acidente que vitimou uma sobrinha no Brasil, Hulk não defrontou o Genk, da Bélgica, no playoff da Liga Europa de 2010-11, a sua única falha europeia neste período. Ao todo, disputou 42 jogos e marcou 15 golos, tendo ainda contribuído com mais seis assistências, um rendimento inferior às médias na Liga nacional. Por isso, não atingiu a projecção de Falcão e viu a sua cláusula e rescisão desajustada após a eliminação prematura na última Liga dos Campeões.
ESPECIALISTA EM BOLAS PARADAS
Nos últimos dois campeonatos, Hulk marcou 15 golos de penalti, solucionando um problema que se manifestara após a saída de Lucho Gonzalez para Marselha e que Falcão não conseguira resolver. É certo que no ano passado falhou duas grandes penalidades (Olhanense e Feirense), mas o grau de aproveitamento é tão elevado que, nesta altura, apenas um jogador da Liga, o benfiquista Cardozo, soma mais golos marcados de penalti – e muitos mais desperdiçados também. Quanto aos livres directos, são cinco os golos marcados até agora, três deles na última temporada, além de outro de canto directo. Hulk ainda não atingiu o auge nesta matéria, mas a sua evolução é notória e poderia ajudar decisivamente o FC Porto numa quinta temporada de azul e branco.
in correio da manhã
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