Crónica de José Manuel Ribeiro sobre Hulk
Há jogadores que alteram a nossa perspetiva das equipas de maneiras, às vezes, radicais. Em 2011/12, o FC Porto tombou em São Petersburgo (3-1), nocauteado por um adversário que lhe era notoriamente inferior - e, tal como há três semanas, com o défice de uma expulsão (Fucile). Dois anos depois, a impressão que se tem do Zenit é outra e os russos passaram a ser uma criatura mais perigosa, mas o admirável é que mudou pouca coisa. Cumpridos os 180 minutos do combate com o FC Porto, todas as aflições vividas pelo campeão português - mas mesmo todas - foram provocadas por um jogador que em setembro de 2011 estava do outro lado. Hulk fez tudo: do golo de Kerzhakov no Dragão ao penálti defendido por Helton na Rússia; da expulsão de Herrera ao empate que atrapalhou as contas portistas, foi sempre ele. Nos remates, nos livres, nos maiores apertos sofridos pelo FC Porto: sempre Hulk. Um fora de série, membro de uma elite muito restrita de craques, que desequilibrou o campeonato nacional durante quatro anos e que, sozinho, dá estatuto europeu a qualquer equipa razoável. Discute-se Moutinho, por ter sido o último a sair dos dragões, mas, se calhar, o FC Porto ainda está a pagar pela noção de potencial ilimitado que o facto de possuir Hulk lhe garantiu durante tanto tempo.
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