sábado, 24 de setembro de 2011

Perdão falsificou o resultado

Deveria ter sido diferente, deveria ter ganho o melhor. Mas o jogo também se faz de fortuna e se decide, por vezes, na falta dela. Ou mesmo em perdões absurdos, que ajudam a contar a história de um empate acidental (2-2), permitindo marcar a quem escapou incólume à autoria de uma agressão, num lapso ridículo e gritante que transformou o vilão em herói. Foi assim, mas não deveria ter sido.

Cinquenta e cinco segundos, ainda antes de esgotado o primeiro minuto, foi tempo de sobra para Hulk desenhar, em traços largos e num movimento que lhe serve de imagem de marca, a tendência dominante de um jogo de muitos ritmos e altas velocidades. Ao primeiro esboço, perderam-se dois adversários só no arranque, mas o remate, por afinar, exigia novas experiências. De falta de aviso o Benfica não podia queixar-se.

À intensidade e ao grau de exigência do desafio, o campeão respondeu com velocidade e com uma sofreguidão competitiva que chegou a sugerir a ideia de que uma bola seria sempre amostra insuficiente para saciar a sua cultura de posse e o desejo assumido de controlar todos os momentos e direcções do jogo. A pressão era exercida bem adiante, antes mesmo de o adversário poder conceber o ataque.

Numa audaciosa variante ofensiva, Helton e Varela colocaram Fucile diante do golo, que Artur negou com uma defesa inesperada, devolvendo os adeptos aos seus lugares. Desde o começo, tinham passado 28 minutos. Mais nove em cima e não pôde impedir os adeptos portistas de festejar o primeiro golo de Kléber num clássico. Bastou um toque subtil, para desviar um livre de Guarín para o fundo das redes.

A primeira parte expirava com os números a reforçar o domínio absoluto dos Dragões (13 remates contra 2 e 55% de posse de bole contra 45%) e a segunda abria com o Benfica a empatar por Cardozo, que só por ali andava por complacência do árbitro, que ignorou uma agressão do paraguaio a Fucile, ainda na metade inicial, e dividiu o cartão vermelho em dois amarelos, com um deles a sobrar para o agredido. E para cúmulo também.

Duplamente injusta, pela assinatura e por produzir o pior retrato do encontro, a igualdade não resistiu mais de quatro minutos. Otamendi desfê-la em pedaços aos 51 minutos, acorrendo a um passe atrasado de Varela, depois da cobrança de um canto. Estava reposta a vantagem, que parecia crescer, ao lado do tempo, para números mais amplos e seguros.

O jogo quebrar-se-ia, contudo, partindo-se em dois na especial predilecção encarnada pelo contra-ataque, a que fica bem apelidar, com preciosismo e até algum requinte, de transição rápida, para atenuar a carga negativa de um processo que prescinde do momento da concepção. FC Porto e Benfica ameaçaram à vez, até que Saviola marcou, deixando apenas oito minutos para os Dragões evitarem a repartição de pontos que nenhum dos opositores fez por merecer.



in fcporto.pt, 23/09/2011

FC Porto vs Benfica (Fernando Veludo/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Estela Silva/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Estela Silva/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Fernando Veludo/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Fernando Veludo/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Estela Silva/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Fernando Veludo/LUSA)
FC Porto vs Benfica (Fernando Veludo/LUSA)



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